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sexta-feira, 30 de julho de 2010

Um desabafo sertanejo em amor a sua terra



Seu moço nossa água já se foi,
Com a seca veio a morte no lugá.
Já morreu aqui tudo, inté o boi.
Será que nóis vai te que mudá?


Oia, escarda o sor do meio dia,
E aqui não tem donde trabaiá.
As panela já tá tudo vazia,
Num tem nada pra cunzinhá.


Peço ao meu padim padi Ciço,
Ele vai nóis tudim bençoá.
Essa seca deve di se um fetiço,
E contra isso nóis tudo vai rezá.


No mei du rio só  areia e preda,
Nóis oia, e da uma vontade de chorá.
Nessa seca seu moço, foi nossa queda,
Caimo sim, mais nóis vai levantá.


Semo povo sufrido que nunca deseste,
E a nossa mudança já tem que começá.
O jeito é nóis meiorá o nosso agreste,
Pruque aqui dotô, aqui é nosso lugá.


É certo que nium de nóis vai sedê,
O mió memo, é a genti vivê em paiz.
Cistena, açude, poço e barde,
Prá te água perto, di tudo nóis faiz.


Nóis inverga, mais nóis num quebra,
Di perto nóis já viu a morte.
Já que nesta luta não tem tréga,
Nóis vai prova que nordestino é forte.


Essa terra nóis ama, meu sinhô,
Aqui di tudo nóis vai faze pra vivê.
Pruquê o sertanejo que daqui si fô,
Nesta vida dotô, chegô a hora de morre.




Marcos França

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