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sexta-feira, 30 de julho de 2010

Um desabafo sertanejo em amor a sua terra



Seu moço nossa água já se foi,
Com a seca veio a morte no lugá.
Já morreu aqui tudo, inté o boi.
Será que nóis vai te que mudá?


Oia, escarda o sor do meio dia,
E aqui não tem donde trabaiá.
As panela já tá tudo vazia,
Num tem nada pra cunzinhá.


Peço ao meu padim padi Ciço,
Ele vai nóis tudim bençoá.
Essa seca deve di se um fetiço,
E contra isso nóis tudo vai rezá.


No mei du rio só  areia e preda,
Nóis oia, e da uma vontade de chorá.
Nessa seca seu moço, foi nossa queda,
Caimo sim, mais nóis vai levantá.


Semo povo sufrido que nunca deseste,
E a nossa mudança já tem que começá.
O jeito é nóis meiorá o nosso agreste,
Pruque aqui dotô, aqui é nosso lugá.


É certo que nium de nóis vai sedê,
O mió memo, é a genti vivê em paiz.
Cistena, açude, poço e barde,
Prá te água perto, di tudo nóis faiz.


Nóis inverga, mais nóis num quebra,
Di perto nóis já viu a morte.
Já que nesta luta não tem tréga,
Nóis vai prova que nordestino é forte.


Essa terra nóis ama, meu sinhô,
Aqui di tudo nóis vai faze pra vivê.
Pruquê o sertanejo que daqui si fô,
Nesta vida dotô, chegô a hora de morre.




Marcos França

terça-feira, 27 de julho de 2010

Liberdade Conjugal



Voou, sei que voou minha liberdade.
Mas voltará amiga, quando eu precisar?
Em sua ausência sentirei saudades.
Saudades do aconchego do seu lar.


Estarei no cárcere do meu destino,
Somado a um fardo que muito me pesa.
Deixei partir meu sorriso menino,
Pois do amor me tornei uma presa.


Meu corpo agora não é só meu,
Segundo o padre nós dois somos um.
Uma linda moça que me fez só seu,
E da liberdade fiquei em jejum.


Sei que esse amor vai dar frutos,
E nesses frutos a liberdade voltará.
Escondeu na manga o amor esse trunfo,
Que deu vida a esse condenado, por amar.


As vezes a vida escolhe os caminhos,
Ela sabe que erraríamos na certeza.
Entre as rosas pegaríamos os espinhos,
E certamente viveríamos na tristeza.


Majestosa feiticeira que hoje me tem,
Que encarcerou a liberdade de outrora.
Hoje vejo que esse amor muito nos convém,
Pois há tenho em liberdade minha senhora.


Marcos França

sábado, 17 de julho de 2010

Plantas e Flores


Eu não falei das Flores, dos seus perfumes,
Nem das suas cores e qualidades.
Não falei das Rosas que são brancas,
Vermelhas, amarelas ou até rosa.
Não falei da Margarida,
Que assim como a Rosa empresta
Seu nome as pessoas.
Não falei do Cravo, que brigou com a Rosa.
Nem do Crisântemo sem sorte,
Porque em vez da vida enfeitou a morte.
Não falei do Girassol,
Fiel seguidor do astro rei,
Que quando anoitece debruça sobre seu talo,
E fica cabisbaixo como uma criança triste.
Não falei da Bromélia,
Que depende de um tronco amigo para viver.
Não falei do Cacto com suas folhas atrofiadas,
Para manter seu aquífero interno,
Nem do Mandacarú que a seca
Transformou seu sertão num inferno.
Não falei das Tulipas que pode ser amarela,
Simbolizando um amor sem esperança,
Ou vermelha que tem o amor por declaração.
Tão pouco falei do Copo de leite,
Que se fosse condençado,
Deixaria o beija-flor mais contente.
As flores em sua magia,
Tornam o mundo mais colorido,
Ganharam do criador a primavera,
E quando essa chega...
Mostram a beleza que se espera.
Colocam a melhor roupa que tem,
É um festival de beleza e cores assumida
Para dar a essa estação as boas vindas.
Parece um desfile de moda,
Enchendo a natureza de satisfação.
Se não falei das plantas nem das  flores,
É porque essas falam por sí.




Marcos França

sábado, 3 de julho de 2010

A mente em conflito interno



Esta me coloca diante de pensamentos,
As vezes banais, as vezes complicados,
Com um dever difícil de se cumprir.
Ou seja depender do amanhã,
Para se viver o hoje.
O futuro não pertence a mim.
Mas será melhor?
Sei que consumirá um precioso tempo
Do meu presente em sua preparação.
O todo poderoso senhor das razões,
O tempo, eu sei que ele vai passar,
Vai curar, vai modificar.
Mas a certeza é que ele não vai voltar.
O uso da máquina mais perfeita,
Trai-me quando tenho que escolher,
Entre a razão ou emoção.
A razão sempre é muito severa,
Faz-me vitima do seu socorro.
Um dia um adeus formal,
Para um pedido de perdão eterno.
Deixe-me ser feliz, apenas feliz,
Porque pelas consequências dos meus atos,
Estou pagando meus pecados durante a vida.
Busco o vento da liberdade,
Com a ansiedade mais desesperada que existe,
Com medo da vida terminar antes do prazo,
E eu não viver o que poderia ter vivido.
Soluços já me trancam a garganta,
Lagrimas já me escorrem os olhos,
Coração já sangrou por dentro,
E ameaçou calar-se.
Emoção? Essa me coloca em delirios,
Deixa-me em sensação de liberdade,
Vivendo em uma utopia presente,
Com um sorriso irônico e pedindo
A vida só mais uma chance...


Marcos França